quinta-feira, 7 de junho de 2012

Panorama Jovem;

Disciplinas:
Análise Linguística, Literatura e Produção Textual;

Professores: Conceição Ferreira, Wanda Patrícia e Augusto Lima;

Série: 1º ano, EM;
Turma: Branca;
Turno: Manhã.

Alunos: Nuhara Oliveira;
              Cyro Dantas;
              Gustavo Meneses; 
              Anny Isabelly Góes; 
              Taiany Marques;
              Jocélio Vasconcelos.



                      CANTANDO E CONTANDO 

                               LUIZ GONZAGA






                                      Campina Grande, 7 de junho de 2012.

  • Objetivo geral: 
- Promover a valorização da cultura nordestina, através de pesquisas e produções, tendo como base teórica o centenário de Luiz Gonzaga.
  • Objetivos específicos: 
- Analisar os aspectos da cultura nordestina presentes nas músicas de Luiz Gonzaga;
- Mostrar os principais fatos da vida de Luiz Gonzaga, desde seu nascimento até sua morte;
- Expor duas obras específicas do rei do baião ("A morte do vaqueiro" e "Respeita Januário"), analisando-as;
- Divulgar em um blog tudo que foi produzido durante o bimestre acerca do projeto.

  • Metodologia:
Neste bimestre, abordamos a vida e a obra do rei do baião, com auxílio de pesquisas coletadas da internet e da orientação dos mentores do projeto. O mesmo está sendo desenvolvido interdisciplinarmente, envolvendo Gramática, Literatura e Produção Textual, com os professores Conceição, Patrícia e Augusto, respectivamente.
Após a produção da parte escrita, realizada em sala de aula, divulgamos tudo que produzimos neste blog, o qual será apresentado para os demais grupos no auditório da escola.

  • Justificativa:
Luiz Gonzaga, o rei do baião, este ano completaria 100 anos de vida, mas, infelizmente, em 1989, aos seus 77 anos, faleceu vítima de uma parada cardiorrespiratória.
Nasceu em 13/12/1912 em Exu, na zona rural, no sertão de Pernambuco, na fazenda Caiçara, no Sapé da Serra de Arapipo. Morreu no hospital Santa Joana, na capital de Pernambuco. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte e posteriormente sepultado em seu município natal.
Ele foi conhecido como um compositor popular, visto como o rei do baião, assim conhecido por tocar acordeon, consagrando o baião como seu gênero musical.
O projeto Cantando e Contando Luiz Gonzaga tem o intuito de fazer com que nos aproximemos mais da nossa tão rica cultura, aprendendo também sobre a vida e obra de Luiz Gonzaga, que é, até hoje, o grande ícone da música nordestina.

Gustavo Meneses e Jocélio Vasconcelos. 

Luiz Gonzaga: Biografia


"Meu nome é Luiz Gonzaga, não sei se sou fraco ou forte, só sei que graças a Deus até pra nascer tive sorte, apois nasci em Pernambuco, o famoso Leão do Norte.
Nas terras do novo Exu, da Fazenda Caiçara, em novecentos e doze, viu o mundo minha cara.
Dia de Santa Luzia, por isso é que sou Luiz, no mês que Cristo nasceu, por isso é que sou feliz."

Luiz Gonzaga do Nascimento era filho de Januário José Santos, lavrador e sanfoneiro, e de Ana Batista de Jesus, agricultora e dona de casa. Nasceu em 13 de dezembro de 1912, em Exu, Pernambuco. Desde criança se interessou pela sanfona e pelos oito baixos do pai, a quem ajudava tocando zabumba e cantando em festas religiosas, feiras e forrós. Saiu de casa em 1930 para servir ao exercito como voluntário, mas já era conhecido como sanfoneiro. Viajou pelo Brasil como corneteiro e de vez em quando se apresentava em festas, tocando sanfona. Em 1939 foi morar no Rio de Janeiro. Passou a tocar nos mangues, nos cais, em lares, nos calarís da lapa e nas ruas. Começou a participar de programas de Ary Barbosa, na Radio Nacional, cantou uma musica sua, “Vira e mexe”, e ficou em primeiro lugar. A partir de então, começou a participar de vários programas, inclusive gravando discos como sanfoneiro para outros artistas, até ser convidado para gravar como solista em 1941. Trabalhou na Radio Clube Brasil e na Radio Tamoio, e prosseguia gravando seus mais de cinquenta solos de sanfona. Em 1943 começou a parceria com Miguel Lima, nessa época, recebeu de Paulo Gracindo o apelido de “Lua”. Sua parceria com Miguel Lima decolou e várias musicas fizeram sucessos: “Dona mariquinha”, “Cortando pano”, “Peneirou xerém” e “Dezessete e setecentos”, agora gravados pelo sanfoneiro e também cantor Luiz Gonzaga. No mesmo ano, tornou-se parceiro do cearense Umberto Teixeira, com quem sedimentou o ritmo do baião, com musicas que tematizavam a cultura nordestina. Seus sucessos eram quase anuais.

Em 1945 assumiu a paternidade de Gonzaguinha, seu filho com a cantora Odaléia e em 1948, casou-se com Helena das Neves. Dois anos depois firmou parceria com Zé Dantas, pois Teixeira afastou-se da musica. Em 1950, fizeram sucessos como “Cintura fina” e “A volta da asa branca”. Nessa década, a musica nordestina viveu seu auge e Luiz Gonzaga virou o Rei do Baião. Zé Dantas morreu em 1962 e o rei fez parcerias com Hervê Cordovil, João Silva e outros. Suas musicas começaram a ser gravadas por jovens cantores como Geraldo Vandré, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Nos anos 80, sua carreira tomou novo impulso; gravou com Raimundo Fagner, Domiguinhos, Elba Ramalho, Milton Nascimento, etc. Em 1984, recebeu o primeiro disco de ouro por “Danado de bom”. Por esta época apresentou-se duas vezes na Europa e começaram a surgir livros sobre o homem simples que gravou 56 discos e compôs mais de 500 canções.
Luiz Gonzaga sofria de osteoporose à alguns anos. Morreu vitima de parada cardiorrespiratória em Recife. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte e sepultado em seu município natal, Exu.
Cyro Dantas.

Texto extra: Calem a boca, nordestinos!

Bom, isso não foi pedido no projeto e nem fomos nós que fizemos, o texto de José Barbosa Júnior, se relaciona com a temática e vale muito a pena ler. É grandinho, mas leiam!

(...) O que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”.
Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos “amigos” Houaiss e Aurélio) do nosso país.
E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!
Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!
Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?
Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?
Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?
Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos… pasmem… PAULISTAS!!!
E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.
Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.
Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura…
Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner…
E não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melodias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia…
Ah! Nordestinos…
Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura? E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros á força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país? Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?
Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.
Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!
Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!
Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário… coisa da melhor qualidade!
Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso… mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!

Minha mensagem então é essa: – Calem a boca, nordestinos!
Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.
Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.
Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”
Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!

(José Barbosa Júnior)

Jeito nordestino de ser

Nordestino não corre, mete a carreira;
Nordestino não ri, se abre;
Nordestino não dá volta, arrodeia;
Nordestino não é esperto, é desenrolado;
Nordestino não é sortudo, é cagado;
Nordestino não faz gozação, fresca;
Nordestino não abraça, arroxa;
Nordestino não é bom, é massa;
Nordestino não é bobo, é abestalhado;
Nordestino não perturba, aperreia;
Nordestino não é exibido, é amostrado;
Nordestino não enfeita, avacalha;
Nordestino não é medroso, é frouxo;
Nordestino não zomba, manga;
Nordestino não fracassa, pede penico;
Nordestino não tem coisa, tem troço;
Nordestino não acha legal, dá valor;
Nordestino não briga, arenga;
Nordestino não chama de senhora, chama de Dona Maria;
Nordestino não chama de senhor, chama de Seu Zé;
Nordestino não é engraçado, é presepento;
Nordestino não se dá mal, se lasca;
Nordestino não fica sem dinheiro, fica liso;
Nordestino não é gente fina, é arretado!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Cultura Nordestina (resumo)

A cultura nordestina é bastante diversificada, uma vez que foi influenciada por indígenas, africanos e europeus. Os costumes e tradições muitas vezes variam de estado para estado. A riqueza cultural dessa região é visível para além de suas manifestações folclóricas e populares, abrangendo nomes notáveis na música e na literatura, além de uma excepcional culinária.
Então, comecemos com a música. Apesar do nordeste ser geralmente associado ao forró, destacam-se outros ritmos populares, tais como coco, xaxado, samba de roda, baião, xote, axé e frevo. Luiz Gonzaga foi o precursor do baião, e vários artistas deram continuidade ao seu legado, como é o caso de Dominguinhos, Sivuca e Jackson do Pandeiro. O frevo, mais comum no estado de Pernambuco, se caracteriza pelo ritmo acelerado e pelos passos que lembram a capoeira. Esse gênero já revelou grandes músicos como Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo. Estes três, ao lado de Zé Ramalho, misturaram frevo, forró, rock, blues e outros ritmos. Foi também no Nordeste que nasceu o brega que tem como principais representantes o pernambucano Reginaldo Rossi e o baianoWaldick Soriano. E quem disse que não existe rock no nordeste? Raul Seixas e a também baiana Pitty estão aí para provar o contrário! Outros nomes conhecidos como Lenine, Zeca Baleiro, Oswaldo Montenegro, Alcione, Dorgival Dantas, Fagner, Otto, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Cordel do Fogo Encantado, Gal Costa, Herbet Viana (Paralamas do Sucesso), Dinho (Mamonas Assassinas), Djavan,  e muitos, muitos outros, também pertencem ao nordeste.
Capa do CD "Nação Nordestina" de Zé Ramalho, que retrata vários artistas nordestinos.
Quanto aos festejos, é inegável que as festas juninas, o São João, é maior destaque. Campina Grande e Caruaru disputam o título de maior São João do mundo: em ambas os festejos duram o mês de junho inteiro. Porém, não só de São João vive o nordeste. O Carnaval também atrái muitos turistas, principalmente na Bahia e em Pernambuco. As festas carnavalescas em Salvador ganharam o título de maior festa popular do planeta, segundo o Guinness Book. Há, ainda, a conhecida festa do bumba-meu-boi, onde se destaca o Maranhão. Provém de uma pequena história, quando o dono do boi, um homem branco, presencia um homem negro roubando o seu animal para alimentar a esposa grávida que estava com vontade de comer língua de boi. Matam o boi, mas depois é preciso ressuscitá-lo.
São João de Campina Grande.
Bumba-meu-boi.

Cordéis.
Quando se trata de literatura nordestina, pensamos logo em cordel, aqueles famosos pequenos livrinhos humorísticos ou críticos, cuja estrutura é formada por versos e estrofes. Mas escritores renomados como José de Alencar, Gregório de Matos, Castro Alves, Ariano Suassuna, Patativa do Assaré, Jorge Amado, Clarice Lispector, Manuel Bandeira e tantos outros, também estampam a literatura nordestina.
Outro elemento cultural de extrema importância no Nordeste são os artesanatos. A variedade de produtos artesanais na região é imensa, entre eles podemos destacar as redes tecidas, rendas, crivo, produtos de couro, cerâmica, madeira, entre outros. A culinária nordestina também é bem diversificada e se destaca pelos temperos fortes e comidas apimentadas. Os pratos típicos são: carne de sol, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, cururu, feijão verde, cuscuz, baião de dois, canjica, tapioca, cocada, frutos do mar, etc. Também são comuns as frutas, como a siriguela, umbu, buriti, cajá, macaúba e pitomba.  
Pamonha.
Sarapatel.
Baião de dois.
Siriguela.
Você sabia? Também são nordestinos Marco Nanini, José Wilker, Chacrinha, Lázaro Ramos, Priscila Fantin, Wagner Moura, Tadeu Schmidt, Guilherme Berenguer, Emanuelle Araújo, Natália do Vale, Chica Xavier, Chico Anysio, Renato Aragão, Tom Cavalcante, Wellington Muniz, Fabiana Karla, Zé Lezin, Shaolin e por aí vai...

Taiany Marques e Nuhara Oliveira.

Respeita Januário

Outra música muito conhecida de Luiz Gonzaga é “Respeita Januário”, que se refere a seu pai, mas não é a única em que Gonzaga homenageia sua “inspiração”.
“Respeita Januário” conta, com muito humor, a volta de Gonzaga ao sertão, depois de já estar famoso por todo Brasil. “Quando eu voltei lá no sertão / Eu quis mangar de Januário” (nesses versos, Gonzaga usa uma gíria própria do nordeste, “mangar”, que quer dizer “tirar sarro”, rir de alguém.). Em outros versos, Gonzaga deixa claro que mesmo com seu sucesso, em Exu, sua cidade natal, Januário era respeitado e tinha mais prestígio:
Foram logo me dizendo:
De Itaboca à Rancharia, de Salgueiro à Bodocó, Januário é o maior!

No refrão repete-se a fala de seu primo, Jacó, que aconselhava Luiz a respeitar seu pai, que era mais velho, mais sábio, e fazia música boa apenas com oito baixos! Sempre de forma engraçada, Gonzaga conta ao longo da música a reação das pessoas de sua terra com sua volta, onde, mais uma vez, são usadas gírias nordestinas:
O nego tá muito mudificado
Nem parece aquele mulequim que saiu daqui em 1930
Era malero, bochudo, cabeça-de-papagaio, zambeta, fei pa peste!
Qual o quê!
O nêgo agora tá gordo que parece um major!
É uma casemiralascada!
Um dinheiro danado!
Enricou! Tá rico!

O que torna a música ainda mais dinâmica e humorada é o fato de ter sido escrita pelo próprio Luiz Gonzaga e ter versos como “Sabe de uma coisa? Luiz tá com muito cartaz! / É um cartaz da peste! / Mas ele precisa respeitar os 8 baixos do pai dele”, como se fosse uma lição de moral dada por ele, para ele mesmo.

Quando eu voltei lá no sertão
Eu quis mangar de Januário
Com meu fole prateado
Só de baixo, cento e vinte, botão preto bem juntinho
Como nêgo empareado
Mas antes de fazer bonito de passagem por Granito
Foram logo me dizendo:
"De Itaboca à Rancharia, de Salgueiro à Bodocó, Januário é o maior!"
E foi aí que me falou meio zangado o véi Jacó:
Luíz respeita Januário
Luíz respeita Januário
Luíz, tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso
E com ele ninguém vai, Luíz
Respeita os oito baixo do teu pai!
Respeita os oito baixo do teu pai!

Eita com seiscentos milhões, mas já se viu!
Dispois que esse fi de Januário vortô do sul
Tem sido um arvorosso da peste lá pra banda do Novo Exu
Todo mundo vai ver o diabo do nego
Eu também fui, mas não gostei
O nego tá muito mudificado
Nem parece aquele mulequim que saiu daqui em 1930
Era malero, bochudo, cabeça-de-papagaio, zambeta, feeei pa peste!
Qual o quê!
O nêgo agora tá gordo que parece um major!
É uma casemiralascada!
Um dinheiro danado!
Enricou! Tá rico!
Pelos cálculos que eu fiz,
ele deve possuir pra mais de 10 contos de réis!
Safonona grande danada 120 baixos!
É muito baixo!
Eu nem sei pra que tanto baixo!
Porque arreparando bem ele só toca em 2.
Januário não!
O fole de Januário tem 8 baixos, mas ele toca em todos 8
Sabe de uma coisa? Luiz tá com muito cartaz!
É um cartaz da peste!
Mas ele precisa respeitar os 8 baixos do pai dele
E é por isso que eu canto assim!

"Luí" respeita Januário
"Luí" respeita Januário
"Luí", tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso
Nem com ele ninguém vai, "Luí"
Respeita os oito baixo do teu pai!
Respeita os oito baixo do teu pai!
Respeita os oito baixo do teu pai!

 Nuhara Oliveira e Anny Isabelly.

A Morte do Vaqueiro


A música “A Morte do Vaqueiro”, de Luiz Gonzaga, é uma homenagem que o rei do baião fez ao seu primo, o vaqueiro Raimundo Jacó, que foi assassinado por outro empregado da fazenda onde trabalhava. Conta-se que seu corpo foi encontrado em meio a caatinga, onde seu cachorro ainda latia ao seu lado, como dizem os versos:
Só lembrado do cachorro
Que inda chora
Sua dor

Até hoje, celebra-se uma missa em homenagem a Raimundo Jacó no município de Serrita – Pernambuco, chamada Missa do Vaqueiro, celebrada no mês de Julho.

Estátua de Raimundo Jacó.

A letra ainda pode ser interpretada como a insignificância da morte de um homem do sertão, que também durante a vida foi insignificante (“O seu nome é esquecido / Nas quebradas do sertão”), ou como um vaqueiro que deixou sua terra para buscar uma vida melhor em outro lugar, abandonando sua casa, terras e criação, sendo visto como morto para quem não tem notícias dele:
Gado muge sem parar
Lamentando seu vaqueiro
Que não vem mais aboiar”.



Numa tarde bem tristonha
Gado muge sem parar
Lamentando seu vaqueiro
Que não vem mais aboiar
Não vem mais aboiar
Tão dolente a cantar
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi
Bom vaqueiro nordestino
Morre sem deixar tostão
O seu nome é esquecido
Nas quebradas do sertão 

Nunca mais ouvirão 
Seu cantar, meu irmão
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi
Sacudido numa cova
Desprezado do Senhor
Só lembrado do cachorro
Que inda chora
Sua dor
É demais tanta dor
A chorar com amor
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi
E... Ei...
 Nuhara Oliveira e Anny Isabelly.